sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O poder de destruição do álcool na vida familiar

Uma vez eu conheci uma senhora que me contou a seguinte história: “A minha vida foi totalmente destruída por causa do álcool, desde muito cedo o meu marido bebia, bebia, chegava caído em casa. Nós temos dois filhos exemplares, dois filhos que sempre procuraram viver o oposto do pai. Teve um dia que o nosso filho de 13 anos foi para uma festa com os amigos, festa de aniversário, de adolescentes, praticamente crianças ainda, e ele chegou em casa mais ou menos meia noite totalmente embriagado, a ponto de nós precisarmos levá-lo pro hospital, totalmente destruído pelo poder do álcool, meu filho que parecia um menino ainda, falando coisas absurdas dentro da nossa casa, como se fosse uma pessoa que nós não conhecêssemos, agredindo a todos, jogando pra fora uma agressividade que nós nem sabíamos que ele tinha e naquele momento eu vivi um dos momentos mais tristes na minha vida de casada. O meu marido levantou da cama assustado com o que estava vendo e deu um tapa no rosto do meu filho e disse pra ele ‘Eu estou decepcionado com você’. O rosto do meu filho se encheu de raiva, e ele olhando pro pai dele o desafiou, levantou-se, deu uma risada e disse assim ‘Você está decepcionado comigo? Lamento te informar que desde quando eu me entendo por gente eu já sou decepcionado com você’.”

Este é o poder do álcool, seqüestrando os nossos pais das nossas casas, este é o poder do álcool nos privando de ter um pai dentro de casa. Porque aquele que já viu o pai caído na sarjeta, aquele que já viu o pai espancando a mãe pela força do álcool sabe muito bem que cativeiro terrível é esse no nosso lar. E não venha me dizer que o álcool não é um problema social, e não venha me dizer que é moralismo nós falarmos sobre isso. É uma omissão da nossa parte se a gente se calar diante de todos os malefícios que o álcool causa na sociedade. Quando socialmente nós começamos beber, quando socialmente nós nos matamos, nos destruímos. “Ah, nós bebemos socialmente!!!!” e socialmente a gente vai se matando nos semáforos, como ocorreu há algumas semanas atrás em João Pessoa, aquela família que foi dizimada porque um rapaz embriagado se sentiu no direito de ultrapassar os sinais vermelhos. Isso é o seqüestro. É a sociedade nos seqüestrando, nos entorpecendo, nos fazendo acreditar que o vício é um lugar comum, onde todos nós podemos ficar sem nenhum problema. É o álcool levando embora nossos pais, nossas mães, nossos filhos. Conheci outro dia uma menina que enfrenta o problema do alcoolismo do pai e da mãe. Dava pena olhar no rosto daquela garota e ver uma tristeza tão profunda, por que sequer tinha vontade de voltar pra casa, qualquer hora que chegasse corria o risco de encontrar os dois embriagados. É órfã, porque o seqüestro da subjetividade já aconteceu ali, os pais estão no cativeiro da dependência, e as famílias vão ficando infelizes lentamente, e nós vamos cultivando isso dentro da nossa casa, as pessoas vão sendo roubadas delas mesmas. É o vício levando seu filho embora, quantos de nós temos filhos que estão sendo colocados na sepultura antes mesmo de morrerem? Os seqüestradores estão viciando nossos filhos e estão enterrando-os em vida...

3 comentários:

  1. Entã... seu texto é um desabafo interessante de algo que corriquiramente presenciamos, ou em nossa propria familia ou com alguém q conhecemos. Nunca tive problemas com alcool, mas vejo amigos q são dessa cultura de beber cair e levantar, que possuem como ídolo o Homer Simpsom e sua cerveja. Essa é a cultura que desde crianças assistimos na tv. e onde tudo se corrige? Na educação e nos valores morais e éticos... pq n é a bebida, mas o descontrole, a falta de limites...

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  2. Texto denso , real ...
    Um problema sério que a sociedade muitas
    vezes fecha os olhos.
    Serve de Alerta !!!

    Desejo um Sábado de Paz e o convido
    a juntar-se ao Cadinho .
    Obrigada pela visita....... :)
    Bjo.

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  3. O meu relacionamento esta em ruínas por causa da bebida, meu companheiro não bebe para cair e nem todos os dias, porém bebe o suficiente para destruir momentos em família, para colocar a vida dele e de outras famílias em risco. Ele admite q e um vicio e que não e tão simples larga. Depois de 8 anos juntos e vivendo muitas situações tensas dolorosas e vergonhosas, já não tenho mais força para suporta, e vejo tudo se acabando.

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